
Este é um daqueles assuntos que passa despercebido à maioria da população, mesmo para aquelas pessoas que tem o hábito de frequentar o ginásio e fazem o seu treino de musculação já há alguns anos. Até podem perceber que devem treinar os diferentes segmentos corporais alternadamente, mas provavelmente ainda não reflectiram sobre a importância do equilíbrio no treino dos mesmos.
Numa sociedade cada vez mais sedentária, pelas mais variadas razões, assumimos no nosso quotidiano quase sempre as mesmas posturas e movimentamo-nos frequentemente nos mesmos planos. Muitas dessas vezes porque a nossa rotina assim nos obriga, o que nos leva a sentir dor e desconforto em determinadas zonas do nosso corpo ou até a estados patológicos mais avançados. Actividades como por exemplo, conduzir, estar horas sentado em frente a um computador, às refeições, pegar o nosso filho ao colo, abrir/empurrar uma porta, etc, levam-nos a perguntar, o que é que estas actividades têm em comum?
A resposta mais óbvia será que estas actividades nos levam a assumir uma postura incorrecta durante o nosso dia. Contextualizando, o movimento do corpo humano é avaliado em 3 planos: o plano sagital (o que normalmente conhecemos pelo lado direito e lado esquerdo), o plano frontal (dividido em duas metades, anterior e posterior) e por fim o plano transversal (parte superior e inferior)1. Neste caso, vamos focar-nos no segundo, o plano frontal, que de uma forma generalizada, divide o nosso corpo em duas metades, a metade anterior, que representa todo o movimento realizado á nossa frente (ex. levantar, chutar, empurrar) e a metade posterior que por sua vez representa os movimentos promovidos pela cadeia muscular que se encontra atrás de nós (ex. puxar, flexão do joelho).
Assim sendo, começamos a perceber que praticamente tudo o que fazemos no nosso dia-a-dia se encontra na nossa cadeia muscular anterior, ou seja, á nossa frente e a nossa cadeia posterior é praticamente negligenciada. Este facto vai originar desequilíbrios entre músculos com acções antagónicas, e consequentemente levará ao aparecimento de dor na zona e acções exercidas pelos músculos mais enfraquecidos. Por isso os rácios de força entre músculos com acções contrárias deve ser o mais equilibrado possível, mas como fazemos isso se na maioria do nosso tempo somos “obrigados” a estar sempre no mesmo registo de movimento? Mais uma vez, uma pergunta de fácil resposta, exercício físico! Mesmo não tendo tempo para frequentar um ginásio, onde temos um vasto leque de equipamentos e profissionais que nos ajudam, podemos sempre no nosso dia-a-dia encontrar formas e acções que nos podem levar a esse mesmo equilíbrio. É tudo uma questão retórica “quão saudável quero ser?” Assim como escolhemos aquilo que comemos, escolhemos também a postura que queremos assumir.
Em cima (no topo da página) estão alguns exemplos de movimentos complementares que podemos realizar em casa, com um simples elástico ou mesmo sem material.
Bibliografia:
1 RUIVO, Rodrigo. Manual de Avaliação e Prescrição de Exercício. 3ª edição, Lisboa: Self – Desenvolvimento Pessoal, 2015.
Newsletter assinada por Filipe Cação – Professor da Healthy Generation
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